Os que são da minha idade recordar-se-ão que, antes do 25 de Abril, era muito difundida e aceite pela sociedade em geral a ideia, segundo a qual, o regime existente era o único possível para Portugal. Dizia-se que sem colónias o País desaparecia; dizia-se que a guerra, embora penosa, era indispensável; dizia-se que a “liberdade” existente (?) era suficiente; dizia-se que o “desenvolvimento” (?) que havia era tudo quanto era possível. Estas eram verdades absolutas. No entanto, deu-se o 25 de Abril, a adesão popular transformou um golpe militar numa Revolução Democrática e tudo se alterou em profundidade.
As verdades absolutas deixaram de ser verdades e o País liberto democratizou-se, fez a Paz, desenvolveu-se e cresceu em todos os sentidos.
Estou na CDU como independente e entrei na lá por um convite que me foi feito por outro independente, depois notei que era um espaço muito interessante pois permiti-me apresentar as minhas ideias e dar as minhas opiniões livremente e seriamente.
Comecei a apreciar os meus companheiros que são filiados no PCP e tenho que admitir que ganhei uma grande admiração pela sua entrega ao Partido mas sobretudo aos dogmas que este partido defende e que são vistos por muita gente como se duma heresia se tratasse.
Assim apercebi-me que a grande diferença dos militantes do PCP é que realmente acreditam que o caminho para um sociedade mais justa e igualitária tem que passar pela defesa do trabalho com direitos, da educação, da saúde, da habitação e da igualdade de todos perante o Estado e a Lei.
AS SONDAGENS - Um eleitor, abordado telefonicamente (se não tiver telefone fixo não é eleitor, já se sabe), pode fazer uso do segredo de voto, mas esse direito não lhe assiste. As sondagens apenas se referem a este eleitor como um daqueles que não responde, e de seguida, por extrapolação…votam por ele (geralmente num do partidos que recebem mais declarações de voto). Veja-se como: Em 100 telefonemas, se a sondagem registar 18 a dizer que votam PS, e 50 a dizer que não respondem ou não sabem, logo temos a maioria dos editores de informação a proclamar que o PS tem 36% das intenções de voto. Se, por acaso 18 outros telefonemas significarem declarações de voto no PSD, logo temos a maioria dos editores de informação a proclamar que existe um empate técnico, a 36%, entre dois partidos. Assim se nega o direito ao voto secreto e se desmobiliza, de forma acientífica e ilegítima, a possibilidade (real) de uma vitória eleitoral de outro partido qualquer, suportada nos 50% de inquiridos que, segundo as sondagens, não respondem ou não sabem…Não estou a inventar, estou simplesmente a relatar a forma como foi efectuada a comunicação pública dos dados da sondagem da RTP/Universidade Católica desta última 3ª feira… Já agora aproveito para dizer que a esmagadora maioria das anteriores sondagens, apresentam igualmente 50% (ou mais) de inquiridos que não respondem ou não sabem...
Era uma vez um País, do hemisfério norte, à beira mar plantado, que depois de muitos anos de atraso, se tinha libertado do pensamento retrógrado de um ditador que tinha muitos tentáculos. Nesse País, nessa altura, ganhou-se alento e avançou-se muito. Acabou-se com a guerra; institui-se a democracia; criou-se o salário mínimo; democratizou-se o ensino; criou-se o serviço nacional de saúde; nacionalizaram-se sectores estratégicos da economia; redistribuiu-se, com maior justiça, a riqueza criada; reconheceram-se as especificidades das ilhas, que deixaram de ser “adjacentes” e passaram a ser Regiões Autónomas.
E eles vieram até aos Açores não para esclarecer o que quer que fosse, mas para deixar os motes e o lastro dos ataques mútuos mais estapafúrdios que imaginar se pudessem a propósito dos Açores e da Autonomia. Só Sócrates desistiu da visita, enquanto Primeiro-ministro, provavelmente porque César lhe dará entretanto conta do recado. Mas Passos Coelho e Paulo Portas vieram, enquanto candidatos, para obscurecer o principal (um memorando para Portugal, publicado em inglês) e elevar o acessório (este em português mais que foleiro: os pentelhos de Catroga). E todos os três partidos se atiçaram entre si numa nova guerra de culpabilização mútua pelos desaires presentes e futuros do emprego, da política social e da Autonomia nos Açores.