Com a chancela da TVI que já nos vem habituando à duvidosa qualidade, à falta de rigor, à deturpação factual e, em diversas circunstâncias, ao engajamento político subliminar dos seus trabalhos ditos de investigação jornalística, assistimos na passada semana a uma reportagem transmitida para o todo nacional de uma senhora Alexandra Borges, sobre a SATA e outros assuntos com ela (mal) misturados, intitulada: “A SATA à beira da falência”…
Se o Serviço Nacional de Saúde e as suas reconhecidas insuficiências têm constituído uma privilegiada arma política danosamente utilizada pela direita durante os últimos anos para se vingar de ter sido arredada do poder em 2015, já, no caso dos Açores é a SATA e as suas reconhecidas e reais debilidades, no que respeita à prestação do serviço público de transporte aéreo de passageiros e carga, a arma privilegiada do PSD e CDS para provocar estragos políticos.
Em estreita ligação com ambas estas ofensivas, verifica-se que existe um objetivo subjacente dos interesses privados para, pela via da desacreditação de serviços públicos essenciais, criar condições favoráveis à sua privatização, financiada pelo Estado ou pela Região. Também, em qualquer dos casos, com destaque a nível nacional para os principais canais televisivos, tem sido instrumento poderoso destes inconfessados interesses a comunicação social (honrosa exceção seja feita à opinião sobre esta reportagem da TVI dada pelo “Barómetro” do Correio dos Açores de 13 do corrente).
Uma delegação do PCP/Açores reuniu com o Governo Regional, para colocar algumas preocupações sobre o Plano e Orçamento para 2020. Como é prática, o PCP irá apresentar um conjunto alargado de propostas que deem resposta aos problemas vividos pelos açorianos.

A Assembleia da República foi dignificada durante o último mandato, tendo desempenhado um papel relevante e muitas vezes determinante na cena política portuguesa nomeadamente no respeitante à reposição e restauração de direitos, à definição das políticas de rendimentos, e às políticas sociais em geral, situação que há muito não acontecia devido às maiorias absolutas que anteriormente se foram formando com a direita ou com o PS, quer sozinho, quer com ela aliado, as quais privilegiaram a governamentalização do regime remetendo o parlamento para um papel subsidiário.
Na verdade nunca uma maioria absoluta na Assembleia da República onde pontificassem ora o PS, ora o PSD, trazendo o CDS a reboque e marginalizando os partidos mais à esquerda, tinha dado passos relevantes no sentido que foi possível dar nos últimos 4 anos: Travar a degradação imposta pelas políticas de direita na vertente dos direitos e dos rendimentos da esmagadora maioria dos portugueses e permitir ao país voltar a andar para a frente. Certo é que tal se deveu às circunstâncias em que o PS se viu instado (pela abertura demonstrada pelo PCP) a governar, tornando possível constituírem-se maiorias para introduzir muitas medidas de política por iniciativa do PCP, do BE e do PEV, para além das do programa do PS, que contribuíram significativamente para melhorar as condições de vida e os rendimentos dos portugueses. Isto apesar de o líder parlamentar do PS, Carlos César, lamentar as dificuldades que aqueles partidos terão criado ao seu governo durante o exercício do mandato. O facto de o PS manifestar agora o desejo de se ver livre dessas “dificuldades” por via da hipotética obtenção de uma maioria absoluta de deputados em outubro próximo, diz bem das dificuldades (reais) e dos recuos a que o povo e o país ficariam novamente sujeitos se tal acontecesse.