A política hoje dominante, é a evolução radical das políticas de direita que, no essencial, o PSD e o PS praticaram no nosso País desde os anos 80. Foram, durante muitos anos, contrariadas, combatidas e anuladas, conquistas da Revolução Democrática; foi sendo mantido e reforçado um modelo económico assente em baixos salários e caracterizado por uma fortíssima exploração da força do trabalho; utilizou-se, de modo sempre crescente, o Estado e os seus recursos, para reforçar o grande capital e apoiar os grandes grupos económicos; desvalorizou-se permanentemente, em termos de orçamentos públicos, os serviços de saúde, educação e segurança social, que constituem encargos constitucionais do Estado; desviaram-se enormes recursos desses sectores essenciais para outros, para que certas iniciativas privadas saíssem reforçadas; inventaram-se "dogmas" que levaram à descabelada privatização de serviços, com manifesto e visível prejuízo da Administração Publica; realizaram-se privatizações criminosamente lesivas do interesse público; "inventaram-se" inúmeras formas de aumentar a divida pública, satisfazendo ao mesmo tempo clientelas particulares sempre mais ávidas; instalou-se um sistema generalizado de compadrios, interesses e jogos de domínio, montado de cima para baixo, sendo óbvio o aproveitamento pessoal de muitos ex-governantes; geriu-se mal, muitas vezes premeditadamente, departamentos, empresas públicas e sectores diversos, para depois se argumentar que são insustentáveis e têm que ser privatizados.