O PCP Açores apresentou hoje um projecto de Resolução para que o Parlamento Regional tome posição sobre as anunciadas reduções nas transferências de verbas para as Regiões Autónomas e para as Autarquias locais, recentemente anunciadas pelo Governo da República, no âmbito do chamado “novo PEC”.
À semelhança da proposta que apresentou em Outubro passado, Aníbal Pires, Deputado do PCP, pretende que o Parlamento se pronuncie por sua própria iniciativa sobre as medidas de austeridade que irão prejudicar gravemente os Açores.
Muito embora seja minha intenção dedicar esta coluna predominantemente a temas locais e regionais, momentos há em que não podemos nem devemos ignorar temas de maior dimensão e envolvência. As mais recentes evoluções da situação nacional, nas vertentes política, social, económica e financeira, exige de todos nós uma atenção crítica e uma disponibilidade de acção que não devem ser escamoteadas. Por isso dedico o artigo de hoje à apresentação de algumas opiniões sobre essas questões decisivas para a nossa vida colectiva.
Começo por dizer que dá a ideia que já tocámos no fundo! Quando um 1º Ministro e um Governo apresentam como medida de austeridade para 2012 e 2013 o congelamento das pensões mais baixas, que por o serem, estão sujeitas a um regime de actualização automática que cobre a inflação do ano, temos que concluir que se pretende acentuar ainda mais a enorme e muito profunda injustiça que marca a nossa sociedade.
Aníbal Pires, Deputado do PCP Açores entregou hoje no Parlamento Regional um Projecto de Resolução recomendando ao Governo da República a criação de uma delegação do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM, I.P.) nos Açores.
Existem grandes demoras e sobrecustos nomeadamente na emissão de cartas certificados e nas vistorias obrigatórias à embarcações devido ao IPTM não possuir os meios próprios adequados na Região, uma situação que para o PCP Açores não faz nenhum sentido, devido à importância estratégica que as actividades marítimas têm para o nosso arquipélago.
Quem se apresenta esfarrapado e de mão estendida, perante outrem, a mendigar, ainda que de forma indigna e obrigado pelas circunstâncias, estará contudo a zelar pelo seu interesse e pela sua sobrevivência.
Este cenário tem sido frequentemente utilizado para retratar de forma metafórica a situação do nosso país, e do seu actual governo, perante Bruxelas, o Banco Central Europeu ou o governo alemão.
Mas ficou mais claro, após o anúncio unilateral e repentino de novas medidas de austeridade (o PEC 4) e a forma como se apresentou o (periclitante) primeiro-ministro português, recém-chegado da reunião do Conselho Europeu do passado fim-de-semana, que um tal cenário, se é que alguma vez correspondeu, deixou em definitivo de corresponder à realidade.
Em Abril de 2010 publicou o semanário Tribuna das Ilhas um artigo da minha autoria intitulado “A Pesca do Chicharro”, no qual alertava para o elevado número de licenças de pesca com redes de argola passadas para barcos da Ilha de São Miguel que fazem a pesca do chicharro.
Passado um ano, o peixe continua ir para lixeira e os pescadores, que normalmente fazem esta pesca, a ganhar soldadas miseráveis!! Os Açores beneficiam-se de situação geográfica privilegiada relativamente a muitas outras paragens, pese embora o facto de, nos últimos anos, os invernos serem bastante rigorosos e, por consequência, os pescadores ficarem por longos períodos sem poder sair para o mar.