Artigo de opinião de Mário Abrantes
Com as “tropas” das finanças da UE (Ecofin) reorganizadas em torno do seu líder, o ministro alemão Schauble, regurgitando ultimatos e insultos à soberania, à dignidade da Grécia e à vontade democraticamente expressa pelo seu povo, vai-se apertando o cerco àquele país, e tudo aponta para que, no actual contexto europeu, o desfecho certamente não venha a ser (pelo menos por agora) o mais favorável às suas pretensões enquanto Estado membro.
E não seria de esperar outra reação perante o que é visto pelos atuais dominadores no seio da UE como um pecado de rebeldia intolerável, uma fenda que se abriu no interior de uma fortaleza que eles, à custa de tantos e acumulados esforços (sim, porque sempre houve quem lhes opusesse resistência), têm vindo a construir e a consolidar, investindo nas desigualdades, na destruição dos aparelhos produtivos e na escravidão das dívidas para uns, os mais débeis à partida, com vista a garantir a outros, os mais fortes, a “livre” circulação das suas mercadorias e a maximização dos seus excedentes financeiros (aliás na senda do espírito pioneiro que presidiu à fundação da Comunidade Económica do Carvão e do Aço).