Lembro-me bem daquela noite. Ainda nervosa perante os resultados, lembro-me de ouvir o discurso de Passos Coelho, a falar de vitória. Lembro-me que fiquei irritada. Como era possível? Iria continuar o pesadelo "mascarado de crise". Iriam continuar os cortes cegos, o desemprego, os congelamentos, a destruição da educação e da saúde, a falta de esperança. António Costa aparecia na TV com um ar combalido a dar os parabéns a Passos e a Portas. O BE festejava efusivamente o aumento do número de deputados. No meio disto tudo, ouvimos Jerónimo de Sousa lançar um alerta. Que passado uns dias clarificou: " o PS só não é governo se não quiser". E todos ficaram em choque. O que significava aquela frase? Como podia Jerónimo de Sousa fazer aquela afirmação? Pois bem. Havia naquele momento a oportunidade de romper com o rumo desastroso que o país levava e isso não podia ser ignorado, e foi o PCP que deu o mote. Ainda assim, Cavaco ignorou o contexto, ignorou que a direita tinha tido a segunda maior derrota de sempre, e insistiu... O resto da história já se sabe... Passos e Portas formaram governo, que durou apenas uns dias...A verdade é que os portugueses queriam mudar, precisavam de mudar.