O coordenador do PCP Açores, Marco Varela, deslocou-se nos dias 8, 9 e 10 de março à ilha de São Miguel, onde manteve diversos contatos, entre os quais salientamos os com as trabalhadoras e trabalhadores da BEL (fábrica transformadora de laticínios) e da COFACO (fábrica transformadora de atum) e com a população do concelho do Nordeste. Dos numerosos diálogos mantidos nestas ocasiões resultou um aprofundamento do conhecimento tanto das expectativas dos trabalhadores destas unidades fabris, quanto dos problemas mais sentidos pela população do Nordeste. Também teve lugar uma reunião com o sindicato SITAVA, representante dos trabalhadores da SATA. Em qualquer um destes encontros ouviu-se lamentar o aumento das dificuldades quotidianas sentidas pelos trabalhadores, pelos produtores e pela população em geral, bem como o agravamento das desigualdades sociais que se avolumam incessantemente perante a inércia deste governo regional, já exclusivamente empenhado na sua própria manutenção e na gestão das suas crises internas.
Desta jornada de trabalho de 3 dias destacou-se a ação à porta das empresas BEL e COFACO, que foi realizada no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, para realçar a necessidade de acabar com a discriminação salarial existente entre trabalhadores e trabalhadores e com a dificuldade, cada vez maior, em conseguir conciliar a sua vida familiar com o trabalho. É necessário pôr fim a estas e outras discriminações, e só a luta destas trabalhadores e trabalhadores é o caminho para o conseguir, assim como para concretizar a urgente valorização de salários, carreiras e categorias.
A reunião com o SITAVA foi o culminar desta jornada de trabalho. O PCP Açores saiu deste encontro com preocupações acrescidas relativamente à “restruturação” que está em curso na SATA, com a constituição da holding e a privatização da SATA internacional, que dos 51% inicialmente previstos pode afinal ir até aos 85%. O PCP denunciou desde o início a opacidade de todo este processo, marcado por informações dadas ao conta-gotas e pela falta de diálogo com os trabalhadores. Continua-se a não dar respostas a perguntas essenciais: como estará assegurado o transporte de doentes entre as ilhas e o continente, como estará organizado o transporte de mercadorias como o peixe, as flores e outros produtos perecíveis ou urgentemente necessários das ilhas para o continente e do continente para as diversas ilhas? E estará assegurada a manutenção dos direitos dos trabalhadores que venham a transitar da SATA? O Governo regional diz que sim, mas só por um período de 30 meses, podendo deixar de existir esta garantia depois deste prazo. Estes são só alguns exemplos das muitas as perguntas que se colocam, e para as quais não tem havido resposta. O PCP defende o diálogo com os trabalhadores, essencial para que não se cometam erros irreparáveis, e continua a exigir que a SATA se mantenha pública, pois só desta forma será possível garantir o direito à mobilidade dos açorianos e a continuidade territorial.
De todas estas questões, e de outras ainda, voltaram a falar os militantes e democratas de São Miguel que no dia 10 participaram num concorrido jantar de aniversário do PCP, que celebrou 102 anos de luta e compromisso do Partido.
Ao longo desta jornada de trabalho, para além de ouvir o que os interlocutores vinham denunciando ou sugerindo, o PCP procurou sempre apresentar o conjunto das propostas que defende para fazer face ao aumento do custo de vida, estimular o desenvolvimento e dinamizar a economia local e regional, porque de facto existe alternativa à política de direita que agrava de dia para dia a vida das pessoas, e faz com que se empobreça a trabalhar. A situação que a Região e a ilha São Miguel vive não é uma fatalidade inevitável: existe alternativa a esta política que sufoca o desenvolvimento regional e o seu crescimento. É preciso fazer das injustiças força para lutar, de forma a serem ultrapassadas as dificuldades que a larga maioria da população enfrenta. Esta alternativa passa pela valorização dos trabalhadores e dos seus direitos, salários e reformas, por serviços públicos acessíveis para todos, pela concretização do direito à habitação, por uma SATA pública ao serviço dos açorianos e por um sector público empresarial regional que se assuma como uma das alavancas para o desenvolvimento da Região.
Comissão de ilha de São Miguel do PCP