Dar sentido prático ao que se sente

jose_decq_motta.jpgÉ do conhecimento geral que uma boa parte da luta política em que me envolvo na nossa Região desde há 27 anos tem sido dedicada ao combate às maiorias absolutas.
Quer no poder regional, quer no poder local as maiorias absolutas têm uma elevadíssima quota parte da responsabilidade por todos os desvios, distorções, manobras ilegítimas e opções erradas que, infelizmente, marcam de forma demasiado forte a governação açoriana (regional e local) dos últimos 30 anos. Nas últimas eleições autárquicas verificou-se, no Concelho da Horta, que o partido vencedor (PS) não logrou ter a maioria absoluta nem na Câmara nem na Assembleia Municipal. No que toca à Câmara os resultados, dada a grande proximidade entre os três maiores partidos do Concelho, determinaram uma composição de 3 lugares para o PS, 2 para o PSD e 2 para a CDU. Alguns analistas e dirigentes políticos regionais mais atentos sabiam, desde Junho, que a maior probabilidade para o Concelho da Horta era o de se verificar um resultado desse tipo (3,2 ,2) subsistindo entretanto a dúvida sobre quem teria 3 lugares. Muitos escritos, ditos e boatos que entretanto circularam até ao dia das eleições e que afirmavam que o resultado só teria significado para o PS e para o PSD, têm que ser entendidos como tentativas (algumas tristes) de tentar diminuir o papel da CDU neste Concelho.
 
Esse período porém passou, a CDU/Faial obteve o seu melhor resultado absoluto de sempre no Concelho da Horta, e os eleitos, os quadros e os activistas da CDU/Faial declararam desde logo a sua inteira disponibilidade de diálogo e a sua profunda vontade em assumirem, no Município, as responsabilidade executivas compatíveis com o resultado eleitoral verificado. Contrariando os vaticínios de alguns dogmáticos segundo os quais “terá que haver eleições antecipadas na Câmara da Horta”, a CDU/Faial aposta na estabilidade da governação municipal, estabilidade essa que terá que ter como pilares seguros os planos de actividade anuais solidamente construídos e apoiados pelo menos por dois dos três partidos representados e um estilo de trabalho que alimente fortemente a participação da população no debate e decisão dos problemas. Como é sabido eu próprio sou um dos vereadores eleitos pela CDU na Horta e sinto, de forma muito viva, que chegou ao momento de demonstrar na prática que é possível, com respeito pela autonomia própria de cada força política, governar-se um Município com estabilidade e eficácia, sem que haja maioria absoluta de um só partido.
 
Diálogo, autonomia de iniciativa, coordenação, lealdade em relação ao que se acorda e acima de tudo verdade nas actuações são as chaves desta situação. Estou convicto que o Faial vai entrar num novo ciclo político, no qual, por decisão dos seus eleitores, passarão a ter outro tipo de intervenção aqueles que ao longo dos últimos anos combateram a estagnação relativa que foi imposta à ilha do Faial. Sei que os Faialenses e os Açorianos estão atentos a esta nova situação e sei também que pela parte que toca à CDU, tudo será feito para demonstrar que, sem maiorias absolutas, com bom senso e muito diálogo, a governação será melhor.
 
José Decq Mota em Palavras com sentido na revista Factos