Temas

Em defesa do mar e das pescas na região

Imprimir
Twitter
barcos de pescas
Em intervenção no plenário da Assembleia Legislativa Regional, Aníbal Pires defendeu a importância do mar para a vida económica da região, afirmando que a região não pode deixar que outros decidam por nós, referindo-se às políticas seguidas pela União Europeia, e em particular ao projecto de Tratado Europeu, recusado por todos os povos que se puderam manifestar em referendo.
 
O deputado regional afirmou que uma correcta orientação política para o sector das pescas deverá garantir "a sua viabilidade socioeconómica e a sustentabilidade dos recursos haliêuticos e garantindo o abastecimento público de pescado e a soberania e segurança alimentares, a manutenção dos postos de trabalho e a melhoria das condições de vida dos pescadores."
 

Intervenção do deputado regional do PCP, Aníbal Pires


Exmo. Senhor Presidente,
Exmos. Senhores Deputados,
Exmos. Senhores Membros do Governo,

Como já aqui foi afirmado, o mar é o recurso primordial da nossa Região. Factor de dificuldades e isolamento no passado, não obstante é, de há muito, um elemento de aproximação entre os Açores e o mundo, gerador de riqueza e oportunidades.

Por ser uma das principais fontes de prosperidade do nosso arquipélago, é tarefa central de todos nós, desta Assembleia, a sua defesa intransigente e a sua valorização e protecção.

No momento em que se inicia o longo processo de discussão para a revisão da Política Comum de Pescas, tendo sido hoje mesmo apresentado o Livro Verde sobre a política de pescas pela Comissão Europeia, importa que esta Assembleia não se demita do seu papel de defesa dos nossos interesses e de protecção dos nossos recursos. Não temos o direito de nos abster nem de deixar que outros decidam por nós!

E, Senhores Deputados, a verdade que não gostam de ouvir é que o Tratado de Lisboa não está em vigor! O Tratado de Lisboa foi rejeitado por todos os povos que tiveram a oportunidade de se pronunciar e, apesar de todos os esforços do Partido Socialista e do Partido Popular Europeu, a verdade é o Tratado que está politicamente moribundo.

Como tal, não só é justo e legal como também é necessário que esta Assembleia se pronuncie sobre as questões que nele nos concernem. É necessário que esta Assembleia dê um sinal de que Portugal deve ter, nesta matéria, uma posição negocial forte, porque se tratam de matérias fundamentais para o País e para a Região.

Uma política para as pescas deverá promover a modernização e o desenvolvimento sustentável do sector, assegurando a sua viabilidade socioeconómica e a sustentabilidade dos recursos haliêuticos e garantindo o abastecimento público de pescado e a soberania e segurança alimentares, a manutenção dos postos de trabalho e a melhoria das condições de vida dos pescadores.

Uma política para as pescas deve partir da assunção da interdependência entre o bem-estar das comunidades piscatórias e a sustentabilidade dos ecossistemas, dos quais são parte integrante, nomeadamente, reconhecendo a especificidade e a importância da pequena pesca costeira e da pesca artesanal. E esta é uma realidade ainda mais central na nossa Região!

Ao contrário do que é advogado pela Comissão Europeia, é necessária uma maior descentralização da Política Comum de Pescas, que garanta o envolvimento dos pescadores, das suas organizações representativas e das comunidades piscatórias na co-gestão dos recursos marinhos.

As pescas nas águas da zona económica exclusiva de cada Estado-Membro são essenciais para a salvaguarda da sua soberania e independência. Trata-se, aqui, da questão de fundo. As comunidades que dependem da pesca têm uma palavra a dizer! Os Açores têm uma palavra a dizer!

E, para o PCP, o rumo é muito claro e não é de agora que o dizemos:

A fim de garantir a sustentabilidade dos recursos, da actividade da pesca e das respectivas comunidades locais, consideramos indispensável que os Estados-Membros exerçam a sua soberania sobre as 12 milhas do Mar Territorial e que a área correspondente às ZEE das Regiões Ultraperiféricas seja considerada zona de acesso exclusiva.

Temos perante nós uma escolha simples, Senhores Deputados:

Ou nos remetemos ao silêncio e ao seguidismo obediente perante o centralismo, de Lisboa como de Bruxelas ou, com coragem e determinação defendemos o património nossas das gerações futuras.

 

Assembleia Legislativa Regional dos Açores – 22 de Abril de 2009

O Deputado Regional do PCP

Aníbal Pires