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Revisão do Estatuto da Carreira Docente

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PCP ALRAANa intervenção no plenário da ALRAA, o deputado regional do PCP, Aníbal Pires, rejeitouna globalidade as propostas apresentadas pela maioria,uma vez que estas continuam "a insistir numa concepção de desvalorização do exercício da função docente e não considera aspectos fundamentais como a carreira, horários e condições de trabalho pedagogicamente adequados."
 
Ver as propostas de alteração apresentadas pelo PCP
 
 
Intervenção do Deputado Regional do PCP, Aníbal Pires no período de Debate na Generalidade

Senhor Presidente da Assembleia,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhor Presidente do Governo,
Senhoras e Senhoras Membros do Governo,

A instabilidade, insatisfação e desmotivação que graça nas Escolas da Região não decorre, somente, de razões de ordem corporativa. O descontentamento que graça nas Escolas da Região resulta das políticas educativas dos governos do PS, executadas por um Secretário que, com um sorriso nos lábios e um autoritarismo atroz, construiu um edifício legislativo para a educação que no essencial se destina a “europeu ver”.

As propostas de alteração que nos são apresentadas pelo governo e pela maioria parlamentar que o suporta estão muito longe da necessária implosão do edifício legislativo desenhado por um engenheiro do ambiente que conspurcou, como é sabido e sentido, a qualidade da educação e contribuiu para que os educadores e professores vissem a sua condição profissional e pessoal profundamente desvalorizada.

O investimento na Escola Pública ficou muito aquém do exigível e do desejável, a tipologia e a organização escolar criou monstros, pedagogicamente ingovernáveis, a iliteracia pugna, as qualificações académicas e profissionais da população activa continuam a apresentar níveis muito baixos, quando comparados com a população activa nacional e europeia.

Já sei que o governo e a maioria me irá aconselhar a olhar para as estatísticas da educação para verificar que estou enganado e que lamentam o meu desconhecimento sobre a temática.

De facto se nos limitarmos a analisar as estatísticas, então sim, as políticas educativas e os investimentos públicos na educação são assinaláveis, o sucesso aumentou, o abandono diminuiu, a escolarização quase atinge o pleno e o parque escolar adequado mas isso é só mesmo para “europeu ver”, pois a realidade é bem diversa das estatísticas oficiais para a educação, assim como o são para o desemprego.
 
 
Senhor Presidente da Assembleia,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhor Presidente do Governo,
Senhoras e Senhores Membros do Governo,

A proposta de revisão do ECD que o Governo e a maioria apresentam ao Parlamento continua a insistir numa concepção de desvalorização do exercício da função docente e não considera aspectos fundamentais como a carreira, horários e condições de trabalho pedagogicamente adequados. Estes são motivos suficientes para que esta proposta não mereça o acolhimento favorável, na generalidade, da Representação Parlamentar do PCP. Estamos, porém, disponíveis para dar o nosso apoio, na especialidade, a algumas das propostas que nos são apresentadas.

A Representação Parlamentar do PCP considera que apesar da ampla participação dos professores na discussão pública que antecedeu o debate deste diploma nesta Assembleia as suas expectativas foram goradas pela inflexibilidade do Governo.

A Escola Pública merece, por isso que esta Câmara dê respostas mais ousadas para que se reponha a dignidade pessoal e profissional aos docentes da Região Autónoma dos Açores.

As propostas que a Representação Parlamentar do PCP apresenta, ficando aquém do que julgamos ser um Estatuto que dignifique verdadeiramente os educadores e professores dos Açores, pretende contribuir para que, com as alterações que vierem a ser aprovadas, a Carreira Docente possa aproximar-se de uma concepção em que os seus destinatários não sejam olhados como um bando de abstencionistas que trabalha pouco e ganha muito.

Os professores dão rosto ao futuro!
É tempo de os dignificar e valorizar!

O Deputado Regional do PCP
Aníbal Pires