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PCP contra estratégia de desmantelamento da SATA

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P1310718_webO PCP Açores realizou hoje, na delegação da Assembleia Legislativa Regional em Ponta Delgada, uma audição pública sobre o presente e o futuro da transportadora aérea regional, na qual participaram algumas organizações sindicais e outros cidadãos individuais.

Na audição foram abordados diversos aspetos das presentes dificuldades do Grupo, que resultam de políticas erradas levadas a cabo pelo Governo Regional e pelas administrações que este tem nomeado. A enorme dívida do Governo Regional para com a SATA, as intromissões políticas na gestão da empresa, a paralisação da actividade e o abandono de rotas lucrativas, a redução do pessoal operacional, foram alguns dos temas em destaque.

O Deputado Aníbal Pires reafirmou o firme compromisso do PCP de lutar contra esta política de destruição da SATA e garantiu que irá levar estas e outras questões levantadas na audição ao Parlamento Regional, já na interpelação que o PCP agendou para a próxima sessão legislativa, que se inicia no próximo dia 8 de Julho.

 

Entre as questões abordadas, destaca-se a enorme dívida que o Governo tem para com a SATA, em relação ao pagamento das obrigações de serviço público. Trata-se de um valor na ordem dos 41 milhões de Euros, que obrigou a SATA a procurar financiamento bancário, o que aumentou o seu custo para os 60 milhões de Euros. Se a isto for somada a dívida assumida pelo Governo da República, atingimos os 76 milhões de Euros que são devidos ao Grupo SATA e que explicam boa parte das suas dificuldades.

Os números do Relatório e Contas de 2013 do Grupo procuram disfarçar esta realidade através de manobras contabilísticas, tentando desculpar-se com despesas de manutenção que já deveriam estar previstas e, como habitual, atirando as culpas para cima dos trabalhadores da empresa. Mas a verdade é que se os valores em dívida fossem pagos, a empresa seria certamente sustentável, se não mesmo lucrativa!

Os presentes consideraram como inadmissível a atitude do Governo Regional ao não assumir esta dívida e o facto de estar, no final do mês de Junho, ainda a calcular valores devidos em relação ao ano de 2013!

Outro fator que tem pesado negativamente tem sido a constante ingerência política na gestão da companhia. De forma casuística, sem estudos de viabilidade ou preocupação pela sustentabilidade financeira, têm sido abertas e fechadas rotas, alteradas frequências e a organização da empresa. Exemplificativo da total falta de visão estratégica é o facto de não ter sido apresentado o Plano de Exploração para o ano de 2014, um instrumento básico de gestão que é essencial para a rentabilização dos meios da companhia.

Igualmente, continua a política de desmantelamento e paralisação da SATA. Foram abandonadas rotas altamente lucrativas e que foram rapidamente aproveitadas por empresas concorrentes, como no caso de Cabo Verde, entre outras.

Não é feita uma correta rentabilização da frota e das tripulações, o que leva à aquisição de serviços a outras companhias. Só no ano de 2014, calcula-se que a SATA já adquiriu mais de 200 horas de voo a outras empresas, numa despesa superior a 1,5 milhões de euros.

Reduz-se o número de tripulantes, tendo perdido 20% dos pilotos até ao final do ano de 2013, com perspetiva de reduções futuras, em função de reformas e desmotivação e abandono de profissionais altamente treinados e possuidores de grande experiência, que serão muito difíceis de substituir.

A Administração, seguindo ordens do Governo Regional, procura o conflito com os trabalhadores e tem acentuado o mal-estar social dentro da empresa, através de medidas arbitrárias e vários rompimentos de acordos obtidos com as suas organizações.

Não há decisões concretas sobre a necessidade de renovar a frota da SATA Internacional, que é unanimemente reconhecida por todos os parceiros. A idade dos aviões é um grave fator de constrangimento operacional, que se irá agravar de forma cada vez mais grave a cada dia que passa.

Estes e outros factores consubstanciam uma estratégia política deliberada de desmantelar a SATA, atacando sobretudo a SATA Internacional, levada a cabo pelo Governo Regional, em nome de uma agenda desconhecida. Esta indefinição levanta ainda mais interrogações tendo em conta o conhecido interesse de grupos privados nas rotas de longo curso da SATA Internacional. O Governo Regional tem de clarificar rapidamente qual é a sua intenção e projeto para a SATA Internacional e para o Grupo SATA no seu conjunto.

A SATA é um instrumento essencial para a Região e a SATA Internacional tem aí um papel decisivo, não apenas ligando os Açores ao continente Europeu e Americano, mas também obtendo posições no mercado, abrindo mais rotas, aproveitando o momento de expansão do setor aéreo, bem visível em diversas companhias, nas quais se inclui a TAP, de forma a trazer novos fluxos turísticos e proveitos financeiros, que possam garantir a sustentabilidade da transportadora aérea pública dos Açorianos.

O Deputado Aníbal Pires reafirmou o firme compromisso do PCP de lutar contra esta política de destruição da SATA e garantiu que irá levar estas e outras questões levantadas na audição ao Parlamento Regional, já na interpelação que o PCP agendou para a próxima sessão legislativa, que se inicia no próximo dia 8 de Julho.

 

27 de Junho de 2014