A nossa (triste) realidade

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José Decq MotaSe atentarmos um pouco no que, no plano político, se vai passando na nossa Região Autónoma, quase que poderíamos dizer que “não se passa nada”! 

O poder regional do Partido Socialista apresenta aqueles sinais de auto-esgotamento que se notavam, no inicio dos anos noventa, no poder regional então exercido pelo PSD.

 

O discurso oficial ancorou nas novas tecnologias e na “modernidade”, sem que se vejam efeitos claros desse discurso e a prática assumida não esconde a vontade centralista de quem governa. A economia produtiva regional está a enfraquecer e o desemprego está a crescer. Uma boa parte dos Secretários Regionais são figuras muito apagadas, dos quais haverá muito pouco a dizer, pela simples razão de que se não nota o que possam estar a fazer. O próprio Presidente do Governo sentirá, sem o dizer, grande dificuldade em lidar com um poder da Republica que está sempre, no que toca à Autonomia, a voltar quase à “estaca zero” de um entendimento correcto e equilibrado. A Assembleia Legislativa Regional tem uma maioria absoluta que se limita a ser, quase até à náusea, o suporte cego da vontade dos poucos que efectivamente governam.

Com este quadro concreto a Autonomia não se cumpre, o desenvolvimento não se assegura, o futuro não se constrói com solidez.

Haverá quem diga que esta realidade morna e nada imaginativa se deve à crise global que se vive. Curiosamente esses que dizem isso são alguns dos que, há dois anos, esboçavam o absurdo discurso de que “a crise aqui não chega”. A crise chegou e será tanto mais extensiva e séria, quanto menos sejam usadas as prerrogativas constitucionais que permitem a Região realizar políticas adequadas à nossa realidade específica.

Entretanto, o conformismo, o seguidismo em relação ao poder PS da Republica e a habituação ao poder, transformam o Governo Regional numa entidade amorfa, que se legitima numa maioria de deputados cada vez menos activa. È esta a nossa triste realidade actual.

 

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado no jornal "Diário Insular", na sua edição do dia 30 de Março de 2010