No que diz respeito a questões de saúde, independentemente do aumento de vindas de especialistas a São Jorge, e da preocupação crescente com a saúde mental, que tinha sido algo descurada, reafirmarmos que em São Jorge é urgente existir uma estratégica para este sector. É necessário defender um Centro de Saúde construído de raiz para as Velas, é necessário promover o uso da telemedicina como forma de reduzir tempos de espera e dar maior apoio aos médicos, é necessário reforçar a prevenção nas doenças crónicas como a diabetes, a obesidade, a hipertensão, o alcoolismo, etc.
Mas a saúde, numa ilha sem hospital, começa pelos médicos de família. Devemos apostar, apoiar e incentivar a fixação destes médicos. Não é admissível que os utentes não tenham médico, nem que tenham médicos de família diferentes ao longo do ano, pois a isso não se pode chamar “ter médico de família”.
Um médico de família tem de conhecer os seus utentes, e os utentes têm de o conhecer e ter confiança nele. A saúde começa por aqui.
Lembro-me bem daquela noite. Ainda nervosa perante os resultados, lembro-me de ouvir o discurso de Passos Coelho, a falar de vitória. Lembro-me que fiquei irritada. Como era possível? Iria continuar o pesadelo "mascarado de crise". Iriam continuar os cortes cegos, o desemprego, os congelamentos, a destruição da educação e da saúde, a falta de esperança. António Costa aparecia na TV com um ar combalido a dar os parabéns a Passos e a Portas. O BE festejava efusivamente o aumento do número de deputados. No meio disto tudo, ouvimos Jerónimo de Sousa lançar um alerta. Que passado uns dias clarificou: " o PS só não é governo se não quiser". E todos ficaram em choque. O que significava aquela frase? Como podia Jerónimo de Sousa fazer aquela afirmação? Pois bem. Havia naquele momento a oportunidade de romper com o rumo desastroso que o país levava e isso não podia ser ignorado, e foi o PCP que deu o mote. Ainda assim, Cavaco ignorou o contexto, ignorou que a direita tinha tido a segunda maior derrota de sempre, e insistiu... O resto da história já se sabe... Passos e Portas formaram governo, que durou apenas uns dias...A verdade é que os portugueses queriam mudar, precisavam de mudar.
Com a chancela da TVI que já nos vem habituando à duvidosa qualidade, à falta de rigor, à deturpação factual e, em diversas circunstâncias, ao engajamento político subliminar dos seus trabalhos ditos de investigação jornalística, assistimos na passada semana a uma reportagem transmitida para o todo nacional de uma senhora Alexandra Borges, sobre a SATA e outros assuntos com ela (mal) misturados, intitulada: “A SATA à beira da falência”…
Se o Serviço Nacional de Saúde e as suas reconhecidas insuficiências têm constituído uma privilegiada arma política danosamente utilizada pela direita durante os últimos anos para se vingar de ter sido arredada do poder em 2015, já, no caso dos Açores é a SATA e as suas reconhecidas e reais debilidades, no que respeita à prestação do serviço público de transporte aéreo de passageiros e carga, a arma privilegiada do PSD e CDS para provocar estragos políticos.
Em estreita ligação com ambas estas ofensivas, verifica-se que existe um objetivo subjacente dos interesses privados para, pela via da desacreditação de serviços públicos essenciais, criar condições favoráveis à sua privatização, financiada pelo Estado ou pela Região. Também, em qualquer dos casos, com destaque a nível nacional para os principais canais televisivos, tem sido instrumento poderoso destes inconfessados interesses a comunicação social (honrosa exceção seja feita à opinião sobre esta reportagem da TVI dada pelo “Barómetro” do Correio dos Açores de 13 do corrente).
A Assembleia da República foi dignificada durante o último mandato, tendo desempenhado um papel relevante e muitas vezes determinante na cena política portuguesa nomeadamente no respeitante à reposição e restauração de direitos, à definição das políticas de rendimentos, e às políticas sociais em geral, situação que há muito não acontecia devido às maiorias absolutas que anteriormente se foram formando com a direita ou com o PS, quer sozinho, quer com ela aliado, as quais privilegiaram a governamentalização do regime remetendo o parlamento para um papel subsidiário.
Na verdade nunca uma maioria absoluta na Assembleia da República onde pontificassem ora o PS, ora o PSD, trazendo o CDS a reboque e marginalizando os partidos mais à esquerda, tinha dado passos relevantes no sentido que foi possível dar nos últimos 4 anos: Travar a degradação imposta pelas políticas de direita na vertente dos direitos e dos rendimentos da esmagadora maioria dos portugueses e permitir ao país voltar a andar para a frente. Certo é que tal se deveu às circunstâncias em que o PS se viu instado (pela abertura demonstrada pelo PCP) a governar, tornando possível constituírem-se maiorias para introduzir muitas medidas de política por iniciativa do PCP, do BE e do PEV, para além das do programa do PS, que contribuíram significativamente para melhorar as condições de vida e os rendimentos dos portugueses. Isto apesar de o líder parlamentar do PS, Carlos César, lamentar as dificuldades que aqueles partidos terão criado ao seu governo durante o exercício do mandato. O facto de o PS manifestar agora o desejo de se ver livre dessas “dificuldades” por via da hipotética obtenção de uma maioria absoluta de deputados em outubro próximo, diz bem das dificuldades (reais) e dos recuos a que o povo e o país ficariam novamente sujeitos se tal acontecesse.